Enxergo esse processo com grande preocupação,
pois a lógica dos interesses meramente eleitorais passa a prevalecer sobre as
verdadeiras prioridades nacionais. Vemos a adoção de medidas populistas, de impacto
imediato, que poderão prejudicar a economia assim que passar o período
eleitoral. Criam uma sensação momentânea de bem-estar social, mas podem se
reverter em contração de investimentos, aumento da dívida pública, elevação
dos índices inflacionários, distorções cambiais, desequilibrando os
fundamentos de uma economia sadia e sustentável. Fico me
perguntando: se o quadro se mostra tão favorável para o governo – que,
conforme pesquisas, tem alta popularidade – qual a razão para antecipar tanto
o calendário das eleições? Qual é o temor? Em Mato Grosso do
Sul, pude observar a expectativa em relação ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Não sei se por se tratar de uma novidade política no cenário nacional; se por
causa da exposição dele como pretenso candidato na grande impressa; ou se porque
ele constitui um fenômeno originário da fadiga de materiais, decorrente dos
anos de governo lulo-petista. Mas posso constatar: o nome de Eduardo Campos
está começando a tomar conta do corpo político da Nação num processo como
diria o homem do campo, de “infestação do carrapatinho”. A antecipação da
campanha eleitoral também se reflete localmente. Já observei em MS intensa especulação
em torno da sucessão no Executivo estadual, sobretudo após a recente visita
de quatro
ministros só pensando naquilo: a reeleição de Dilma. Mas, ao analisar o
resultado das últimas eleições, posso inferir que a sociedade deseja mudança,
revisando o papel dos partidos que há várias décadas ocupam o centro do
poder. O resultado
eleitoral de Campo Grande em 2012 foi emblemático. Valeram pouco na decisão
dos eleitores o desempenho administrativo fabricado com peso da propaganda, a
estrutura financeira abusiva e o tempo de televisão desigual. O fato é que não há
vencedores nem vencidos de véspera. Hoje, a gestão petista erra ao substituir
compromissos com o País pelo compromisso com a manutenção do poder. Como diria o velho gaúcho,
“estão querendo atropelar o cavalo no partidor”. Às oposições cabe
manter o sentido de alerta sobre as distorções que possam ocorrer daqui pra
frente.
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