*Ruben Figueiró
Na década
de 70 o brasileiro usava em média 48% de sua renda com alimentação. Hoje este
gasto caiu para 20%. Em 40 anos, a safra de grãos quadruplicou. Hoje somos uma
das nações mais importantes na área do agronegócio mundial. Há 40 anos foi
criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Estes fatos não
representam mera coincidência, estão intrinsecamente ligados.
Poucas
instituições brasileiras gozam de tanto prestígio e reconhecimento quanto a
Embrapa. Ela é a grande referência da agropecuária brasileira. A Empresa foi
criada por iniciativa de brasileiros visionários, como Luis Cirne Lima, Eliseu
Alves e Alysson Paulinelli, que tinham a clareza de que era possível
desenvolver no Brasil uma agricultura tropicalizada, de caráter sui
generis, descartando, inclusive, o sistema de produção importada das
regiões temperadas.
Graças à
Embrapa, somos exportadores de peso de grãos, carnes e frutas no cenário
internacional. As pesquisas e as inovações tecnológicas são admiradas pela Europa,
Estados Unidos e Canadá. A Embrapa é símbolo de inovação, de modernidade, de
sustentabilidade, de valorização de parcerias e de visão estratégica de longo
prazo. No entanto, precisa de mais recursos orçamentários para ser competitiva
no longo prazo e manter-se como instituição científica atualizada
tecnologicamente. Enquanto os países desenvolvidos investem cerca de 3% do PIB
agropecuário em pesquisas, o Brasil, destina metade disso: 1,5%.
O Mato
Grosso do Sul talvez seja a unidade da Federação que mais tenha sido
beneficiada pela Embrapa. O Estado trilha os caminhos do crescimento de maneira
sustentável, equilibrando exploração econômica com preservação ambiental. Temos
três núcleos operatórios: a Embrapa Agropecuária Oeste; a Embrapa Gado de
Corte; e a Embrapa Pantanal. Em todos, usufruímos do trabalho extraordinário de
pesquisa não só da genética do rebanho ou do melhoramento das sementes, como
também da conservação do meio ambiente e da melhoria da qualidade de vida do
homem pantaneiro.
Dentre
tantos projetos importantes da Embrapa, destaco um que é pioneiro e decorre de
uma decisão da conferência de internacional de Copenhagen, na Dinamarca: a
promoção do sequestro bruto de carbono de 1,2 milhão de toneladas por ano, o
equivalente a 4,3 milhões de toneladas de CO2 anuais por meio
da preservação da natureza. É um trabalho persistente que ganha valor
específico a cada passo.
Além
disso, ressalto que a Embrapa desenvolveu cultivares de soja plenamente
adaptados ao solo e ao clima e de alta estabilidade produtiva. O rendimento
físico da soja aumentou 90% nas últimas décadas; no do milho, houve um aumento
de 64%; e, no do algodão, houve aumento de 139%. O crescimento médio em área de
floresta plantada foi de quase 165% em cinco anos. A pecuária de corte cedeu
aproximadamente um milhão de hectares aos setores sucroalcooleiros e florestal,
mantendo, todavia, seu volume de produção praticamente constante. Também houve
a recuperação de pastagens degradadas.
Vários
projetos estão sendo desenvolvidos de forma exitosa pela Embrapa Pantanal,
garantindo a melhoria genética do rebanho, a introdução de novas tecnologias de
produção e controle de doenças e a criação de uma linha especial de crédito por
meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, além do projeto
que promove o melhoramento genético de quatro espécies nativas de peixes,
visando a criar processos para estimular a industrialização para agregar valor
ao pescado.
Afirmo sem dúvida de erro ou exagero: o trabalho realizado pelas três Embrapas
em Mato Grosso do Sul está sendo essencial para colocar Mato Grosso do Sul
no ranking dos melhores lugares para se produzir riquezas e se
viver no Brasil.
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