
Entidades internacionais das mais respeitáveis mesmo preservando as tradicionais
normas da liturgia diplomática, isto para ressaltar a verdade com expressões
benevolentes, indicam que o nosso país corre a ameaça de perder a nota de
crédito junto às agências classificadoras de risco, diga-se adquirida há não
muito tempo pela ação da política financeira responsável de FHC e sustentada
após por Lula.
O Banco Central, numa tendência acentuada para adquirir autonomia – o que seria
salutar – tem procurado conter a gula insaciável da pantagruélica inflação.
São alterações contínuas, desde julho, e já há sinais de uma nova dosagem via
Selic de dois dígitos na expectativa de ser letal. Tomara.
Os preços estão contaminados de um vírus carcinomatoso e salve-se quem puder,
que o digam as senhoras donas de casa. O governo federal se nega a tornar
realmente transparente em suas contas públicas, algumas eufemisticamente sob a
capa de “segurança nacional”.
Suas nuances e
performances querem negar o óbvio: por lá há fermentos que prenunciam cólicas
intestinais nas finanças públicas. Dizem até que a senhora presidente tem
manifestado, mais do que o usual, o gênio belicoso que a caracteriza, seu
desconforto pela impossibilidade de atuar, pois as armas lhe negam fogo.
Tem ela
justificativa. Se a carruagem das contas públicas emperrar nesse final de ano,
cairá no atoleiro eleitoral do inexorável 2014. Seria desastroso para Sua
Excelência e muito mais para nós contribuintes com exaustão dos bolsos e a
intranquilidade de espírito. Pode-se perder a batalha da credibilidade.
As frequentes
manifestações das tribunas parlamentares e dos editoriais dos jornais alertando
sobre o descontrole das obras do PAC, como aquelas da transposição do São
Francisco; ou sobre o esquálido superávit primário, demonstram a saciedade a
falta de oportunidade na execução de programas e o desperdício dos recursos
públicos.
Meu receio, como de muitos, é que o descalabro
que grassa nas contas governamentais, na chamada “porteira pra fora” crie um
clima de pessimismo, de desamparo, de desesperança da “porteira pra dentro”,
isto nas atividades do campo – agricultura e pecuária, aliás, a única economia
que tem se constituído sustentáculo do PIB nacional e evitado de ser o Brasil
ultrapassado até por um país sofrido como o Haiti. Preocupações há.
*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS
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