*Ruben Figueiró
Em seu primeiro
discurso no Senado após o resultado das eleições, que teve ampla repercussão
nacional, Aécio retomou a posição de porta-voz das oposições e traçou as
estratégias de combate aos desmandos do PT e de seus aliados.
Pela primeira vez o PT encontrará
uma oposição totalmente em sintonia com a voz das ruas. O povo quer mudanças,
quer enxergar posturas éticas e morais. Esse sentimento não será engavetado. A
oposição estará atenta para mantê-lo ativo ao longo dos próximos quatro anos.
Eu entendo que é missão das
oposições criticar veementemente o governo, especialmente se a decisão da
presidente reeleita for por continuar distribuindo cargos e espaço de poder
para as pessoas fazerem negócios. Isso não é a mudança prometida. Será mais do
mesmo. O fato é que a população está saturada de mensalões e petrolões.
Claro, somos pela legalidade e
acima de tudo pela democracia. Rechaçamos por completo a ideia de impeachment da presidente reeleita. Precisamos respeitar o
resultado das urnas, por mais que se suspeite de fraude nas eleições. Se forem
comprovadas, aí é outra história. Mas antes, é preciso dar tempo ao tempo para
que seja realizada a investigação criteriosa que o caso exige. A ideia de impeachment ao invés de acalmar pode
tumultuar os propósitos do regime democrático cuja implantação custou
sacrifícios, lágrimas e mesmo sangue de brasileiros.
Os
governistas reforçam a ideia de que o país não está dividido nem rachado. De
fato, torcemos para que não esteja. O momento realmente é de união, de diálogo,
mas é preciso estar de ouvidos e coração abertos para o contraditório. Será que
Dilma está preparada para isso? Será que seu temperamento permite? Pelo bem da
Nação e das futuras gerações, espero que sim.
Já
estamos em recessão técnica, atestado pelos próprios institutos estatais, como
o Ipea. Algo precisa ser feito com urgência urgentíssima para não chegarmos ao
fundo do poço. Que o ano de 2015 seria difícil, de reajustes e medidas
antipopulares, todos já sabiam. Acontece que as tais medidas começaram a ser
tomadas três dias após as eleições. Se considerarmos que a presidente reeleita
Dilma Rousseff jogava na conta do opositor o ano difícil, enquanto que com ela
tudo seria um ‘mar de rosas’, podemos dizer sim que houve ‘estelionato
eleitoral’.
Como
disse Aécio em entrevista ao Jornal O Globo: “A candidata Dilma estaria muito envergonhada da presidente Dilma.
Para a candidata, aumentar juros era tirar comida da mesa dos pobres. Para a
candidata, não havia inflação. A candidata dizia que as contas públicas estavam
em ordem”.
Pois bem, a população brasileira
constatou que depois de eleita, o discurso não condiz com a prática.
Retornar ao prumo,
promover o crescimento econômico, sem se desfazer do atendimento social é o que
todos queremos. Desejo que a senhora Presidente cerque-se das pessoas certas,
de técnicos que realmente saibam o que estão fazendo. Não ceda apenas à pressão
política e à acomodação de companheiros despreparados em postos chave da
Administração Pública. Que faça diferente para conseguir cumprir o seu bordão
de campanha do “seguir mudando” porque é de mudança real que o Brasil precisa e
não de marketing. Caso contrário, confirmaremos ainda mais o estelionato eleitoral.
*Ruben Figueiró é Senador da República e presidente de honra
do PSDB-MS
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