Nesses praticamente dois anos de exercício no nobilitante cargo de senador da República – missão por mim almejada desde quando assistia empolgado as sessões da primeira Câmara Municipal de Campo Grande após a ditadura Vargas nos idos de 1948 – colhi frutos da convivência com expressões marcantes da política nacional. Não citarei nomes, tantos são eles e que contarão pela sua nominata meu respeito e admiração, tal a nobreza das lições que deles colhi.
Nessas mal
traçadas linhas, como disse Gil Vicente, lá pelo século XVI, sem o brilho e a
arte de outros, traço o meu conceito sobre o tema em epígrafe: Emancipação
política.
O faço ao
concluir a leitura de artigo do eminente senador Cristovam Buarque em O Globo
(edição de 1º/11/2014) no qual sua excelência define que nosso país aos 200
anos de emancipação política não conseguiu completá-la efetivamente.
O senador
pelo DF cita oito obstáculos que a impedem (a emancipação) sem que o Brasil
mostre suas forças vivas para transpô-los: custo das campanhas; política
prisioneira do sistema de financiamento; amarras impostas pelos institutos de
pesquisa e dos marqueteiros; falta de ideologia de esquerda e de direita;
programas assistenciais para exploração eleitoral; silêncio dos intelectuais
omissos da missão de oferecer alternativas; cooptação de agentes políticos por
meio de mensalões, benefícios deletérios, por ONGs, sindicatos, federações e
outros; e, finalmente, aparelhamento por parte do Estado ou do partido no
Poder.
Não há quem
de sã consciência discorde do senador Cristovam Buarque, nessa balbúrdia em que
se transformaram as eleições em nossa pátria amada, Brasil.
Porém, me
permito acrescentar às oito razões do senador a ditadura das cúpulas diretivas.
Explico: Os dirigentes partidários são insistentes e persistentes em manter-se
nas posições de comando e ao alvedrio de lideranças, fechar as portas ou
deixá-las entreabertas ao desejo de tantas e tantas vocações de jovens “de
todas as idades” que têm afinidade àquelas doutrinas partidárias e delas querem
efetivamente participar, contribuindo com o fervor de seu entusiasmo. No meu
entendimento, adquirido ao longo de mais de meio século de vivências
partidárias e das quais só tenho admiração por duas, a UDN (ressalto, a
original de 1945) e o PSDB pelas suas estruturas doutrinárias inquestionáveis, essa
atitude prejudica que a estrutura partidária seja arejada.
O resultado
das recentes eleições sob o mais vivo e cívico clamor popular chama a atenção
para a imperiosidade da reforma política, eleitoral e partidária a fim de
oxigenar o processo de escolha e vitalizar as ações programáticas dos partidos,
inclusive, e sobretudo, com uma sistemática e periódica renovação de suas
direções.
O
consistente artigo do senador Cristovam Buarque que, entendo, abre campo para a
discussão de um sistema eleitoral que contemple a eficiência de eleições por
meio da escolha distrital de seus representantes, levará o debate a importância
de se implantar o verdadeiro conceito de emancipação política, prioridade entre
as reformas aclamadas pelo povo das cidades aos grotões.
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