sexta-feira, 7 de março de 2014

Artigo: “Atrelado ao fracasso”, por Ruben Figueiró

* Ruben Figueiró
 
Plenário do Senado
“Mercosul e União Europeia (UE) nunca estiveram tão próximos de concluir um acordo de livre-comércio”, afirmou a presidente Dilma Rousseff ao sair da 7ª Cúpula Brasil-União Europeia, em Bruxelas, num otimismo para “inglês ver”. Confesso que fiquei descrente e até decepcionado.
Essa negociação se arrasta há 14 anos e ainda há muita água pra rolar debaixo da ponte. A grande notícia que deixou nossa presidente animada é a de que no dia 21 de março haverá uma reunião entre técnicos do Brasil e da UE para tentar alinhavar propostas dos dois blocos e acelerar as discussões. Sublinho o “tentar” e o “discussões” para destacar o porquê da minha descrença, a qual reforço afirmando que antigas “sensiblidades” em alguns setores podem prejudicar a provável costura de um acordo – como disse o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Entendo que o melhor seria a assinatura de um acordo bilateral apenas entre o Brasil e a União Europeia. Somos parceiros estratégico desde 2007. Cerca de 20% do que exportamos e importamos é com a UE.
 
O motivo da minha decepção é a insistência de o Brasil andar atrelado aos países do Mercosul. Alguns dos quais têm dado provas concretas ao mundo de que estão optando por políticas econômicas e sociais equivocadíssimas, fadadas ao fracasso. Fico me perguntando: É com essa turma mesmo que precisamos andar?
 
Há tempos o Mercosul têm demonstrado que a união de Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, e agora Venezuela, já não funciona. Na verdade estamos ligados politicamente em um bloco fechado com barreiras e regras protecionistas entre si.
 
Infelizmente o Mercosul virou uma ferramenta para engessar a capacidade brasileira de realizar acordos externos. Parece que estamos marcando o passo ao manter essa aliança, que está mais preocupada com o viés ideológico que com, de fato, a integração econômica, social e cultural entre os países-membros.
 
Especialmente Argentina e Venezuela têm “manchado” a nossa imagem junto aos organismos internacionais. Crise cambial, inflação altíssima, beirando à hiperinflação, desabastecimento, altos índices de violência, insatisfação popular, repressão brutal a manifestantes, para citar alguns problemas.
 
Já disse outras vezes e repito: o Brasil deve sair do Mercosul. Presenciamos hoje um desequilíbrio político dentro do bloco. É só citar a mais nova integrante: a Venezuela. Aquele país não acredita no livre-comércio, prega o fim do capitalismo e tem passado por toda essa turbulência política, com o triste saldo de alguns manifestantes mortos.
 
E o que o Mercosul faz? Demonstra em nota oficial que é refém da ideologia bolivariana. Apoia o governo que reprime, prende e tortura, em vez de condenar a violência e exigir o respeito ao direito democrático de protestar.
 
Faço coro ao senador Jarbas Vasconcelos, por quem tenho grande admiração, que afirmou que o governo do PT prejudicou a boa imagem da diplomacia brasileira, fazendo com que o país vire um mero coadjuvante no continente, aceitando tudo o que fazem os governos da Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina.
 
A saída do Mercosul, na minha opinião, seria uma forma de o Brasil demonstrar independência, coragem e atitude para agir de uma maneira mais soberana e fiel aos princípios basilares da Constituição. Seria uma decisão de governo coerente com os interesses econômicos do país que deseja liberdade de comércio exterior, sem peias, neste mundo globalizado.
 
*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS

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