Qual é o seu maior
medo? Ser assaltado, não receber socorro médico, ficar desempregado? Segundo o
dicionário Aurélio medo é “um sentimento de grande inquietação ante a noção de
um perigo real ou imaginário, de uma ameaça”. Todo ser humano tem infinitos medos.
Valer-se dessa fragilidade como estratégia político-eleitoral em pleno século
XXI é uma maneira retrógrada e ultrapassada de convencimento. Esse tipo de marketing
não tem reflexo na opinião pública dos dias atuais. Chamo isso de síndrome do
medo.
Pois fiquei
extremamente satisfeito com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de acatar
a representação do PSDB e suspender a propaganda do PT veiculada em rádio e
televisão na qual o medo era o personagem principal.
A alusão à gestão do
PSDB na presidência da República ao citar os “fantasmas do passado” era tão
clara, falsa e ofensiva, que justificou a liminar do TSE.
Difundir a política
do medo é um recurso emocional antigo e já foi muito usado por diversos
partidos em disputas presidenciais em todo o mundo. Lembro-me da campanha do
partido Republicano na Era Bush, quando se recordava os temores do 11 de
setembro.
Estrategistas de
campanhas eleitorais dizem que há duas maneiras de mexer com as emoções dos
eleitores: o medo e a esperança. Pelo meu lado, que vivi outros tempos, em que
campanha eleitoral era acima de tudo disputa de ideias e propostas, sempre
acreditei que a melhor maneira de falar ao eleitor é utilizar o recurso da
verdade.
Um partido
responsável deve apontar erros, apresentar alternativas, mostrar seu plano de
trabalho para garantir avanços necessários para promover o crescimento
econômico do País, e, assim, mostrar como pode reduzir as desigualdades
sociais, controlar a inflação e promover investimentos em infraestrutura para
garantir o progresso da Nação.
A função de uma
campanha eleitoral não é mistificar, mentir, assustar e promover a discórdia
social, açulando o ódio entre as pessoas. Ao contrário: é fortalecer a
democracia por meio da divergência de ideias e de propostas em relação ao País.
Neste aspecto, a boa campanha é aquela que reafirma compromissos com a
Constituição, enaltece os valores éticos e morais e defende a transparência no
uso dos recursos públicos.
O PT foi muito
criticado por ter veiculando uma propaganda falando dos “fantasmas do passado”
que, paradoxalmente, estão cada vez mais presentes no dia a dia deste governo.
Ficou evidente a tentativa de enganar e criar uma ideia falsa sobre a história
recente do Brasil. Por essa razão, o TSE considerou condenável em todos os sentidos
a campanha do medo.
Como afirmou
recentemente o ex-presidente Fernando Henrique o “passado” é o governo do PT
que está há 12 anos no Poder. Milhares de jovens desconhecem a luta contra a
inflação e a estagnação econômica dos anos 70 e 80. Eles conhecem apenas um
passado: aquele que se aproveitou das conquistas do Plano Real, da estabilidade
econômica, do controle imposto pela lei de responsabilidade fiscal e,
posteriormente, do bom momento vivido pela economia mundial, no período de 2002
a 2008.
Mas os brasileiros
estão percebendo as contradições elementares do quadro social. Os gastos
imensos em obras de caráter duvidoso; a corrupção corroendo de maneira acintosa
todas as instituições; a dramática desigualdade regional; a carga tributária
escandalosa; os juros insuportáveis; os conflitos nas cidades e no campo; a
carestia dos alimentos; enfim, todas essas mazelas impulsionam o desejo de
mudança.
Não estamos mais
preocupados com o passado e nem tememos o futuro – ele poderá ser muito melhor.
Estamos com medo é do presente: não sabemos até onde vai o desespero daqueles
que perderam o rumo da história e o que poderão fazer diante da perspectiva da
perda do poder.
*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB/MS
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