A epígrafe não se
refere àquelas de meretrício, de motel, de lupanar, de puteiro, não! Estas, por
mais que cause espécie ao nosso pundonor, pelos motivos que em si encerram, estão no seu
habitat moral.
As que desejo me
referir ofendem princípios éticos de fidelidade e lealdade, princípios
imutáveis que devem constituir-se a honra de fazer política e pretender exercer
em múnus público.
Confesso que constitui
meu patrimônio há mais de 60 anos de militância político-partidária a
fidelidade a conceitos doutrinários que me transmitiram duas pessoas sempre
saudosas: meu pai, referenciado como Gury Marques, e meu tio e padrinho, Martinho
Marques. Deles auri patamares de ação politica e, nesta fase outonal de minha
vida, prestes a encerrar uma intensa atividade pública permeada por mandatos
legislativos, dignificantes presenças no poder executivo e na Corte de Contas (
lá se vão nelas, quarenta anos e “pico”), acreditem caros (as) leitores, que me
causam arrepios aos assistir neste início de campanha eleitoral (temo o pior
daqui pra frente ) a corrida por acertos entre candidatos de diferentes
legendas, onde não há o menor senso de
responsabilidade partidária, num espúrio processo de troca –troca de prestigio
e apoio, todos a cata de uma almejada eleição. Tenho dó dos eleitores.
O escuso fenômeno é de extensão
nacional E ainda há pouco comprovei ouvindo colegas senadores. A desmoralização
que estão transformando as legendas partidárias, incapazes de frear esse surto
de mercantilização do voto, tolerante a quebra das boas normas de fidelidade
por candidatos às suas legendas, faria corar de inveja aqueles dos tempos
bíblicos de Sodoma e Gomorra.
Fui constituinte de
nossa Carta Magna de 1988. À época fui daqueles que se filiou a corrente do
senador Afonso Arinos, notável constitucionalista, pelo voto distrital puro
como suporte de um regime parlamentarista que sempre admirei, porque nele
sempre há a presença da vontade soberana do povo.
Se nela vingasse, a
eleição distrital mesmo no vigente sistema presidencialista, onde diferente
daquele impera a vontade incontrastável da figura presidencial. Por
consequência natural ter-se-ia parlamentares com vinculação estrita às causas
da população, compromissos inarredáveis com os postulados de seu partido e
jamais ocorreria essa babilônia de interesses difusos.
Infelizmente o que se
vê, sente e causa repugnância nesta campanha eleitoral é uma onda tsunâmica do
salve-se quem puder. É quase uma pajelança para aqueles que tem estomago a refeições
indigestas num refeitório de ingredientes azedos de todos os tipos.
*Senador do PSDB/MS
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