Uma das
coisas mais preciosas da democracia é a liberdade de imprensa – e ela garante,
em última instância, o trabalho imprescindível do jornalismo investigativo. Por
meio da mídia, escândalos vêm à tona e desnudam redes de corrupção, esquemas
sórdidos de enriquecimento ilícito e nomes (anônimos ou já conhecidos do
eleitorado).
O mais
recente deles abala estruturas em Brasília e na campanha à reeleição
presidencial. Com certeza não é coisa urdida por conspiradores da oposição. A
divulgação dos nomes de um ministro de Estado, parlamentares e governadores
como supostos integrantes de uma organização criminosa que superfaturava
licitações da Petrobras e desviava dinheiro para partidos políticos deixa um
cheiro de podre no ar.
Nos
bastidores o assunto circula há muito tempo. Só que agora ganhou corpo, voz,
nome e sobrenome: Paulo Roberto da Costa, outrora homem de confiança de Lula,
Dilma e tantos outros.
O escândalo é de tão grande proporção que já
está sendo comparado ao mensalão petista.
A
resposta do Palácio do Planalto sob o comando do PT há 12 anos é sempre a
mesma: “eu não sabia! Não posso tomar providências enquanto não tiver
informações oficiais”. Dá vontade de rir, não fosse um assunto tão sério num
País com tantas desigualdades e problemas estruturais.
Aliás, não
é a primeira vez que o governo é “surpreendido” com denúncias de corrupção.
Dilma é a chefe do Executivo há quase quatro anos, mas participa da gestão
petista desde sempre. Antes de ter virado a pupila de Lula e se transformado em
presidente da República - a despeito da falta de experiência eleitoral e
carisma político - ela havia sido ministra das Minas e Energia, ministra da
Casa Civil e presidente do Conselho Administrativo da Petrobras.
Na maior
desfaçatez ela afirma que esse novo escândalo “em nada abala as estruturas do
governo”. Realmente, não. Por que será então que antes de tomar providências
como o afastamento do seu ministro suspeito de envolvimento na corrupção
bilionária da Petrobras, já mudou a coordenação de sua campanha? Eu mesmo
respondo: deve ser porque medidas enérgicas de combate aos malfeitos só podem
ser tomadas depois do trânsito em julgado pelo STF. Já a “água sanitária” para
tentar limpar a mancha em sua campanha eleitoral teve de ser usada de imediato.
Fazendo
uma análise rápida posso concluir que o governo Dilma começou como uma árvore
cheia de frutos podres. Ela até que fez uma podinha aqui outra ali, mas a raiz
continuou mofada.
As
atitudes de Dilma enquanto ainda era a auxiliar prestigiada de Lula já
indicavam como ela agiria diante de denúncias quando fosse a chefa máxima da
Nação. Dilma se declarou “surpresa”, assim como Lula, quando do escândalo do
mensalão; também ficou surpresa com a elaboração do dossiê sobre cartões
corporativos para atingir o ex-presidente Fernando Henrique; da mesma forma foi
surpreendida pelas denúncias contra Erenice Guerra, sua substituta na Casa
Civil, e assim por diante.
Nesse
imenso lamaçal que se tornou a gestão pública na era petista, nos deparamos com
o aprofundamento de mais um escândalo. Outros muitos virão. Agora com nomes e sobrenomes. Pior, com gente
de peso, que há décadas manda e desmanda neste país compondo a base política da
gestão Dilma.
Boa parte
destes personagens já ocuparam as páginas da imprensa nacional com outros
escândalos. Afirmam repudiar as especulações do senhor Paulo Roberto da Costa,
ex-diretor da Petrobras, preso desde março pela Polícia Federal e tido como um
dos chefes da quadrilha que agia na estatal. Eles podem até repudiar e exigir a
honra lavada, mas quem vai responder se engole essa conversa de repúdio e honra
é o povo em cinco de outubro.
Por isso,
pergunto, e provoco: é esse o governo que o brasileiro quer por mais quatro
anos? Afinal, diga-me com quem andas que te direi quem és.
*Ruben Figueiró é senador e presidente de honra do PSDB-MS
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