Estava analisando o que a mídia tem chamado
de “fenômeno Marina” e lembrei-me de uma música famosa do Cazuza da década de
80 que diz em seu refrão: “Brasil/ Mostra a tua
cara/ Quero ver quem paga/ Pra gente ficar assim/ Brasil/ Qual é o teu negócio?/
O nome do teu sócio?/ Confia em mim”.
Tal música representava uma crítica
à desigualdade social da época e à política que engatinhava no retorno à
democracia.
Passados tantos anos, estes
versos de Cazuza ainda são emblemáticos e atuais, se interpretados na
conjuntura de hoje.
Quando faço alusão a esta
música para falar da candidatura de Marina Silva, quero dizer que “Brasil,
mostra a tua cara”, significa o desejo pulsante do povo de que as pessoas que
conduzem a política sejam transparentes, verdadeiras e desnudem suas reais
intenções.
É evidente que os
brasileiros querem algo diferente. Caso contrário, os competentes marqueteiros
de todas as campanhas eleitorais não teriam usado o bordão da “mudança” como
peça chave de suas campanhas, independentemente da “cor” da candidatura.
E é aí que entra a minha
análise sobre o “fenômeno Marina”. Entendo que o povo brasileiro, com a comoção
enorme causada pela trágica morte do presidenciável Eduardo Campos, decidiu “presentear”
Marina Silva com seu voto. Acredito, no entanto, que com o passar dos dias, os
eleitores farão uma analise minuciosa sobre as propostas, ideias e intenções de
cada candidato. E aí, neste momento, ficará claro que Aécio Neves é o que
melhor representa a mudança segura. Neste momento, as incoerências de Marina
Silva serão afloradas e são tantas que agora estão vindo a lume, bem
ressaltadas nas contradições do seu plano de governo.
Algumas pessoas já percebem
isso. Nas viagens que tenho feito pelo interior do nosso Estado ouvi de uma
senhora uma análise pitoresca da personalidade política da candidata do Partido
Socialista diante das marchas e contramarchas que ela tem dado em relação às
suas intenções de governo: “Marina é só coerente com suas incoerências”.
No
primeiro debate entre presidenciáveis, realizado pela Band em meados de agosto,
Aécio demonstrou conhecimento, sobriedade e coerência; Dilma manteve a defesa
da realidade cor de rosa de um País que está muito mais para o tom pastel, para
não dizer cinza; Marina transpareceu posturas inflexíveis sob diversos aspectos,
noutros não. Um sinal...
Tenho respeito pela trajetória de vida de
Marina Silva, mas também enxergo incoerências entre palavras e ações da
candidata do PSB. Agora, ela busca descolorir a condição de política de
esquerda de sua origem. Como bem expressou o colunista da Folha de São Paulo,
Luiz Fernando Vianna, “Marina está num partido do qual não gosta e que não
gosta dela. Verde de raiz, tem como vice um militante do agronegócio”, setor,
acrescento eu, pelo qual ela não tem demonstrado ao longo de sua carreira
política apreço.
Por tudo isso, peço: “Marina, mostra tua
cara!”
*Ruben Figueiró é senador e presidente de
honra do PSDB-MS
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