*Ruben Figueiró
Inúmeras
outras CPIs terminaram em pizza e a guloseima que tanto agrada o paladar do
brasileiro virou bordão jornalístico e sinônimo de impunidade. Os temas
investigados são dos mais variados: futebol, medicamentos, narcotráfico, obras
inacabadas, ONGs, etc. Em comum, elas têm geralmente o tráfico de influência e
o desvio de recursos públicos.
A
primeira CPI foi criada em 1953 para investigar as operações de crédito entre o
governo de Getúlio Vargas e o jornalista Samuel Wainer, dono do jornal Última
Hora. O resultado deu em nada, mas serviu de instrumento aos oposicionistas de
Vargas, que chegaram a sugerir seu impeachment.
Apenas a partir da Constituição de 1988 o Legislativo pôde agir
efetivamente por meio de comissões parlamentares de inquérito.
Para os
incrédulos do uso dessa importante ferramenta de fiscalização do Congresso
Nacional, cito a CPI do PC Farias que, em 1992, culminou na crise que levou ao impeachment do então presidente da
República Fernando Collor de Mello. A CPI do Judiciário, que em 1999, levou à
cassação pela primeira vez de um senador da República, o empreiteiro Luiz
Estevão e à prisão do Juiz que ficou conhecido como Lalau dos Santos Neto. Mais
recentemente, em 2012, outro senador, Demóstenes Torres, foi cassado, consequência
da CPI que revelou as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos. E
claro, merece destaque absoluto as CPIs dos Correios e do Mensalão, que
desvendou em 2005 o que seria o maior esquema de compra de apoio político já
realizado até então. Mas como o PT sempre consegue se superar, nos deparamos
atualmente com as CPIs da Petrobras. Pelo rumo das investigações, vemos que a
atuação da quadrilha na estatal ocorria com sofisticação ímpar.
É inegável que
as Comissões Parlamentares de Inquérito representam um ganho para a democracia
brasileira. Em geral, elas são criadas após as operações bem sucedidas da Polícia
Federal, instituição que tem se mostrado imprescindível para passar o Brasil a
limpo.
Agora o que
não desce goela abaixo é o teatro na mais recente CPI do Congresso que
investiga o esquema de desvio milionário da Petrobras. Parlamentares
governistas fazem de conta que arguem e depoentes fazem chacota do Legislativo Federal
quando respondem: “nada a declarar”, como fez o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto Costa, beneficiado pela delação premiada. Já se sabia
que ele nada falaria até por uma questão jurídica. Porque então o teatro?
Inaceitável
é a permanência no governo de um grupo que verdadeiramente está saqueando o
Brasil em prol do seu projeto de poder por tempo indeterminado e do
enriquecimento ilícito de alguns “escolhidos”. Sem alternância de poder,
estamos quase flertando com uma ditadura. O que está muito claro é que a corrupção que dilacera as estruturas da Administração Pública, o baixo crescimento nacional, o retorno da inflação e a insegurança no futuro da economia são bem reais e não fazem parte do jogo de cena promovido pela gestão petista.
*Ruben Figueiró é senador da República e presidente de honra do PSDB-MS
Nenhum comentário:
Postar um comentário