Isso pode até
acontecer e desejo que assim o seja quando se trata da vida pessoal de nossos
concidadãos. Mas, ao analisar a realidade do país, penso que a previsão mais
positiva de qualquer vidente não conseguirá alcançar tanto otimismo.
Não sei por que (ou
melhor, sei), diferentemente das outras ocasiões, eu não me sinto empolgado
pelas perspectivas de um possível venturoso 2015. Creio, também, que esta tem
sido uma constante impressão de todos os brasileiros, que alias, têm como
característica atávica a esperança de que o futuro será melhor.
Encontro-me em clima morno. Não desejo que as coisas fiquem ruins, pelo
contrário, porém, não creio que sejam risonhas para todos. Pretendo como
despedida de 2014, pelo menos por meio destes escritos, trazer à colação
algumas observações quanto ao que poderia ocorrer no curso do próximo ano,
tendo por estamento os argumentos que hoje estão postos à baila.
Faço uma reflexão sobre as três crises de 2015: a econômica, a moral e a
política. Crises estas que deverão se intensificar, pois já estão aí há um
tempo significativo.
Quem acompanha
minimamente as notícias já percebeu que 2015 não há grandes esperanças de ser
próspero. A combinação de baixo crescimento, juros elevados, inflação indomada,
preços retesados, queda no consumo e estratosférico endividamento das famílias
prenunciam momentos complicados. Associado a isto, temos um governo
irresponsável que gasta mais do que tem e resolve com “maquiagem
contábil”. Foi o que ocorreu quando a senhora presidente chantageou o
Congresso Nacional em troca da aprovação de um projeto que garantiu o chamado
“ajuste fiscal”. O que o governo federal fez foi uma irresponsabilidade porque
não apenas desrespeitou como abriu um precedente perigoso nos âmbitos estadual
e municipal ao praticamente rasgar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A
segunda crise, a moral, se intensifica com os desdobramentos do Petrolão,
considerado pelo The New York Times o maior escândalo de corrupção
ocorrido em um país democrático na história do mundo moderno. Dá
profunda tristeza ao sermos surpreendidos com cada nova revelação do modus
operandi desta quadrilha que tomou conta da administração pública
brasileira.
Na
confluência destas duas crises, viveremos a crise política de grandes
proporções. Uma vez que estamos a guarda da efetiva punição do núcleo político
do Petrolão. Mais do que tudo, a crise é institucional.
Por isso espero como
resposta uma Reforma Política efetiva que permita o congraçamento de várias
tendências, inclusive para permitir a discussão de ideias como a eleição
distrital; novas regras para a constituição de partido político, a fim de
evitar a proliferação ainda maior de legendas de aluguel; o financiamento de
campanha; o fim da reeleição para cargos do Executivo; a limitação em no máximo
três mandatos para os representantes dos Legislativos, etc.
É inegável que a
confluência destas três crises – econômica, moral e institucional – marcará o
ano de 2015. Esse momento só será ultrapassado com transparência, posições
coerentes e mudanças de verdade. O papel do novo Congresso Nacional será
fundamental nesta missão.
*Ruben Figueiró é senador e presidente de
honra do PSDB-MS