segunda-feira, 10 de junho de 2013

Amplo debate sobre questão indígena no Senado


Sugeri que o Senado realize um amplo debate sobre a questão indígena. A reunião poderia esclarecer o que existe de real e legítimo nos laudos antropológicos da Funai e debater, inclusive, a participação do Ministério Público e de ONGs no processo de demarcação. 

Há algumas propostas como a presença de outros órgãos consultivos, além da Funai, na elaboração de laudos antropológicos, que considero um passo importante. Já em relação à aprovação da PEC 215/2000, que garante ao Congresso Nacional a decisão final sobre as demarcações, é preciso analisar com calma. Será que a PEC 215 é a melhor saída para se pacificar a questão? Ou ela poderá ser um elemento a mais de conflito, transferindo um problema que constitucionalmente é do Executivo para ser compartilhado pelo Legislativo?

O que não resta dúvidas é que já passou da hora de o Governo Federal chegar a uma solução satisfatória. Embora saudado como uma manifestação do Executivo diante do grave quadro, apenas o afastamento da então presidente da Funai, Marta Azevedo, não é suficiente. Todos foram avisados, reiteradamente, há meses, dos riscos da política errática da FUNAI. Os resultados estão aí: trágicos, traumáticos, tensos, com todos falando ao mesmo tempo, sem ter um rumo claro a seguir.

Há poucos dias presenciei mobilização em Mato Grosso do Sul em defesa de uma solução rápida para a demarcação e o fim dos conflitos em torno das terras indígenas no Estado. Nunca havia visto uma tamanha mobilização da sociedade sul-mato-grossense em torno de um único tema. O assunto tomou conta de todas as classes sociais. Trabalhadores, comerciantes, empresários, pessoas de todas as classes sociais não falam de outra coisa: o conflito entre índios e produtores. O interessante é que a opinião pública me parece amplamente favorável aos produtores, mesmo reconhecendo que as comunidades indígenas estejam sendo vítimas do Governo e de ONGs internacionais.

Sem alternativa, o produtor recorre a judicialização: resposta encontrada pelos proprietários rurais atingidos à tentativa de verdadeiro confisco de suas terras, pois o imóvel açambarcado por um laudo antropológico da Funai será fatalmente declarado como pertencente à União e o seu então proprietário, se demonstrar sua boa-fé, será indenizado das benfeitorias, não do valor da terra.

Posso dizer que os últimos acontecimentos que levaram a morte de um índio e ao ferimento à bala de outro (que poderá levá-lo à paraplegia) e o desalojamento de diversas famílias de produtores, ocorreu porque os índios Terena da Aldeia Buriti resolveram invadir as terras que lhes foram apontadas como suas por um laudo antropológico que, não obstante desconsiderado pela Justiça, foi suficiente para fazer nascer neles a crença de que são “donos” de terras tituladas a particulares há mais de cem anos!

As terras tidas como indígenas em conflito nos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti foram pacificamente ocupadas por Vicente Antônio de Brito nas primeiras décadas do século XIX e tituladas desde 1847, quando na época não existia a presença de sinais de povos indígenas.

Esta situação não pode perdurar. Além de fatos específicos não podemos esquecer que a nossa economia está fortemente assentada na produção de alimentos e de commodities agrícolas. O processo demarcatório – muitas vezes fruto de fraudes na elaboração de laudos antropológicos – surge como elemento para criar insegurança no campo, reduzindo nossa capacidade produtiva, criando um impacto negativo para as cidades e suas populações.

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