É a expressão que está na moda. Puxada pela presidente
Dilma do quarto canto dos mares então navegados pela epopeia camoniana (Os
Lusíadas) tornou-se símbolo daqueles que não enxergam os horizontes do imenso
atlântico que é o nosso país.
A voz que clama é aquela que a presidente Dilma Rousseff,
surpresa e constrangida, ouviu altissonante na abertura da Copa das
Confederações, no Estádio Nacional de Brasília. Ela é a legítima, não a camoniana, figurada
pelo enigmático Velho do Restelo.Sem dúvida, a vaia sofrida, preocupada, brotou com a força dos pulmões dos brasilienses. Também dos pulmões de brasileiros de todas as classes sociais que sentem no seu dia a dia a realidade expressa na alta do custo dos alimentos, na insegurança nas ruas, na precariedade do nível de ensino fundamental, no esgarçamento dos costumes, na leniência da Justiça, no afrontamento à legalidade constitucional.
Sim, legalidade constitucional. A insegurança jurídica, à
título de não melindrar a sensibilidade dos que estão à distância, está
permitindo o arrombamento das portas de uma cláusula pétrea de nossa Carta Mãe.
Destas, a mais ameaçada é a do princípio da propriedade, como exemplo as invasões
indígenas que têm ocorrido e que estão ocorrendo em vários pontos do território
nacional.
Mas parece que o Estado enfim resolveu ouvir a voz já
rouca de tanto clamar nas praças e no Parlamento pedindo um basta à desordem. E
antes que “Inês seja morta”, desperta da sua condição, então letárgica, e deixa
de considerar irrelevante e levá-la
como até agora faz, “com a barriga”. Talvez, aí sim, como quem não acreditava
na premonição do Velho do Restelo, passe a tomar uma posição que era e é do seu
dever: evitar a quebra da ordem jurídica.
Tudo bem, esse é o caminho, desde que se volte ao status quo ante, ou seja, restabeleça as
decisões judiciais de reintegração de posse aos proprietários rurais lesados, assegurando-se
aos indígenas, também sofridos, condições humanas de vida, não àquelas que a
Funai lhes proporcionou até agora: miséria na mesa, inassistência na saúde,
precariedade na educação, levando-os a uma reação, até agora estimulada, contra
a ordem e as instituições. Se o Estado não atuar agora, realmente não vai dar
certo.
*Ruben Figueiró é senador da
República
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