Sei que a grande maioria dos que me honram
com a leitura não conheceram o Dr. Júlio Maia. Posso, entretanto,
assegurar-lhes que ele deixou marcas indeléveis quando exerceu a sua nobre
profissão de médico em Rio Brilhante, minha cidade natal.
Lá chegou no final da década de 20 do século
passado quando Rio Brilhante era o que chamaria de uma cidade rural, cujo nome
de fundação era Entre Rios porque situada na mesopotâmia entre os rios Vacaria
e Brilhante.
Médico intrépido, um autêntico bandeirante em
sua profissão, formado pela já tradicional faculdade de medicina do Rio de
Janeiro, carioca, resolveu embrenhar-se pelo imenso e inóspito interior da
época, fixando-se lá no Entre Rios. Na ocasião, lá não havia hospital, posto
médico, ambulatório e tão somente como seu coadjuvante, um farmacêutico
prático, dono de botica, a única da vila. Isto não o amedrontou e estendeu
durante longos anos a todos os que lá habitavam a nobre missão que Hipócrates
lhe delegou. Tão respeitado que chegou a ser prefeito da cidade, quando da
restauração do regime democrático após o Estado Novo. Sua abnegação à medicina
e à população desassistida da época até hoje é relembrada na vibrante política
e economicamente forte Rio Brilhante.
Quem hoje, entre os mais antigos de Campo
Grande, não se lembra da atitude até estoica de Vespasiano Martins, Fernando
Correa da Costa, Arthur de Vasconcelos Dias, Walfrido de Arruda, Alberto Neder,
Alfredo Neder, Arthur Jorge Mendes Sobrinho e tantos outros? Eles têm os seus
nomes marcados pelo respeito e consideração ao povo, pois enfrentaram todos os
obstáculos para exercer a medicina e clinicar em Campo Grande.
Lembro-me desses homens espetaculares que
marcaram o passado do interior brasileiro e do exemplo deles de abnegação à
arte da medicina para afirmar que é possível, diante da carência de assistência
médica nas grandes cidades e nos grotões desse país, estruturar-se uma política
de saúde com a presença de médicos onde há carência deles, sobretudo nas
periferias das grandes metrópoles, onde ocorrem as mesmas deficiências de
assistência como nos bolsões mais distantes quanto fronteiriços dos nossos
país.
É em solidariedade a uma política de saúde
nesse sentido - e muito acima de qualquer interesse político partidário -, nada
obstante as manifestações de respeitáveis entidades de classe, que sou
simpático, evidentemente com certas ressalvas, à Medida Provisória do governo
federal que pretende implantar o Programa Mais Médicos. Assim penso.
*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS
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